28.2.08

As pessoas felizes são mais bonitas

Naquela manhã, quando acordei, a primeira coisa que fiz foi correr para a frente do espelho para ver como era a minha cara feliz. Já nem me lembrava de como bonito era. As pessoas felizes são mais bonitas. A cara parecia-me a mesma, mas eu estava diferente. Estava feliz. Eu tinha encontrado a pessoa certa. Aquela pessoa que me fazia feliz por dentro.
Eu só queria sentir o coração dela bater junto ao meu peito. De dia, de noite, a chover ou com sol, eu só queria tê-la ao meu lado. Eu só desejava tê-la á minha frente e poder olhar e contemplar a sua beleza, os olhos, a boca, o sinal por baixo da orelha….tudo! Ela era tão bonita. Apaixonar-me por alguém assim, fez-me voltar a gostar de mim.
Depois daquela noite, passámos a encontra-nos com frequência em minha casa. O tempo nunca chegava para fazer tudo quanto queriamos. Também não havia pressa. Normalmente faziamos sempre a mesma coisa. Conversar, pouco!. Eramos mais do género de ficar o dia inteiro na cama, fazer amor, comer bolachas, ver revistas cor de rosa e à noite, costumavamos assistir com entusiasmo aos filmes do canal 18. Encomendavamos piza, trocámos beijinhos e carinhos e fazíamos sexo. Depois, mais tarde, voltavamos a fazer amor! Era inevitável! As coisas do sexo entre nós corriam tão bem que não valia a pena adiar por mais tempo. Ao décimo oitavo dia de encontros regulares, decidimos que ela iria viver para minha casa. As coisas assim tornavam-se mais fáceis. Ela ali, sempre juntinho a mim. Um conforto! Os nossos primeiros dias de experiência de vida a dois, eram passados exclusivamente a comer ver televisão, comer, fazer amor, comer! E era tão bom passar os dias assim!
Entre nós tudo se havia precipitado rápido demais. Era tudo muito intenso. Eu amava-a mais que tudo na vida. E ela, eu desconfiava que também gostava de mim.
(fragmento de "O meu amor é uma cabra" de M.C. 1996)

27.2.08

isso era:
AMOR
amor
amor
amor
amor
amor

25.2.08

Partida I - A Foto

E se de repente - em vez de bofetadas - um desconhecido lhe oferecesse flores?
Isso era...

19.2.08

Maravilhosa criatura! Sabe bem ter-te por perto...

18.2.08

O 1º Beijo

- Podem ficar aqui? Perguntou o homem do taxi.
- É aqui? É aqui que moras?- Perguntou ela. Respondi-lhe que sim. Pedi-lhe para me ajudar a sair. Pagou o taxi. Como menina bem educada e atenciosa subiu comigo. Convidei-a a entrar. Ela aceitou. Já em casa sentámo-nos no sofá da sala.A custo, tentei escolher uma música agradável, ia ser a nossa primeira musica. A musica do nosso primeiro encontro a sério. Exigiam-se cuidados redobrados na escolha.
- Está muito calor não está?
- Sim é verdade, está muito calor. - Respondi-lhe.
My way. A Voz! Exclamou ela. Quietos, ficamos a ouvir, eu sentado no sofá e ela sentada ao meu lado. Estava tudo perfeito não fosse aquela sensação estranha de parecer que tinha comido papel... língua de cortiça! Vou beber um copo de água gelada. Não há nada melhor para matar a sede do que um copo de água gelada. Queres?
-Um beijo...? Quero que me beijes! Respondeu-me ela.
- Um beijo murmurei eu. Ela era rápida e isso agradava-me! Abençoado Frank! Os meus joelhos tremiam um bocadinho. Devia ser dos efeitos secundários do álcool. Descontrai, descontrai, vá! vá! beija! beija! Este não é o teu primeiro beijo porquê tantos nervos! Pensava eu enquanto aquela boca deliciosa se aproximava da minha. Ela aproximava-se num movimento tipo câmara lenta. Pelo menos era o que me parecia. Uma tortura. Eu sentia a minha boca cada vez mais seca. Finalmente um toque e logo a seguir o Beijo!
A minha cabeça ficou vazia. Senti-me leve. Não foi um beijo qualquer, foi o nosso primeiro beijo. Aquele momento foi muito mais do que um primeiro contacto sensual de duas pessoas que se tocam pela primeira vez, foi muito mais do que o sentir dos lábios. O nosso primeiro beijo foi pura emoção.
Pela primeira vez experimentei beijar alguém que amava. Era uma sensação única que não conseguia explicar. A minha alma encheu-se de vida. Aquele beijo foi especial, muito mais intenso do que todos os beijos que já dera antes. O nosso 1º beijo foi tão especial que nem à hora da morte esquecerei um beijo assim.
Estaria a sonhar? Perguntava-me baixinho. Bastou-me contudo abrir os olhos por um momento para perceber que não. Era verdade. Ela estava mesmo ali a beijar-me. Mesmo assim belisquei-a para tirar a prova dos nove.
- Aiiiiiiiiiii! Disse ela. – Ok. Não subsistiam mais dúvidas. Era mesmo verdade! A minha Lindinha, em carne e osso, estava ali comigo e era sensível ao meu toque. Aquele Aiiiiiii! Não o desmentia. O corpo que desejava há tanto tempo esmagava-se agora contra o meu num forte e vigoroso abraço. Os nossos corpos começavam a contorcer-se, inicialmente em movimentos lentos, depois…descontrolados. Entre beijos e carinhos fundimo-nos num só corpo. As minhas mãos descobriam todas as curvas e contra curvas daquele corpo.
Foi ali, com a boca encortiçada que descobri o melhor que existe dentro de mim. A capacidade de Amar. De amar incondicionalmente. Era assim que eu a amava.
Pela primeira vez na minha vida os meus lábios pronunciaram a palavra Amo-te.
-Amo-te!
Eu tinha sido verdadeiro. Humano. Sem qualquer receio de parecer ridículo ou frágil. Amo-te…! amo-te…! amo-te…! Repeti insistentemente enquanto nos beijava-mos.
Durante algum tempo nada mais dissemos. Apesar de não o demonstrar, eu esperava uma resposta da parte dela. Em verdade eu não lhe tinha perguntado nada, só lhe dizia amo-te! Mas achava que tanta sinceridade da minha parte merecia uma resposta do genero: Eu também te amo.
Mas não. Sem nada dizer, limitou-se a apertar-me com os braços com toda a sua força. Era como se receasse perder-me. Enrolamo-nos de forma a conseguirmos tocar todas as partes do nosso corpo. Eu correspondia à sua plena oferta, enquanto ela, cada vez se envolvia mais no meu corpo. Apesar das dúvidas e receios acerca dos seus reais sentimentos, decidi aproveitar aquele momento como se fosse o ultimo. Naquela madrugada, nos braços dela fui feliz como nunca tinha sido antes e senti aquela felicidade que só quem ama conhece.
(Fragmento de "O Meu Amor É Uma Cabra" de M.C. 1996)

13.2.08

Em vespera de S. Valentim homenagem à actriz - Adelaide João/Lai Lai - e ao seu AMOR incondicional pelo TEATRO




A Actriz Adelaide João na "construção" e no fim da actuação da personagem Maria Parda de Gil Vicente, no espectáculo "Blue" exibida em Setembro de 2007 no cine teatro de Rio Maior.

8.2.08

Afectos II









A bebida a mim dá-me coragem

Pela primeira vez em cinco meses, sai de casa sem que o único propósito fosse o de a encontrar. A noite estava quente e eu queria-me divertir! Andei por muitos sítios que já nem me lembro. Tinha bebido demais. Começava a sentir a cabeça pesada e a língua meia enrolada. O vinho. O vinho branco faz-me ficar sempre assim! Já me devia ter habituado.
Preparava-me para pedir mais uma bebida ao rapaz do bar, quando... Era ela! Ela estava ali. A minha Lindinha, estava ali no mesmo bar que eu. Logo naquele dia! Logo naquele dia que nem me vi ao espelho antes de sair de casa. Ela estava linda. Continuava linda. Eu estava assim assim. As coisas pareciam-me correr bem, ela olhava para mim. Será que era porque eu ainda não tinha parado de olhar para ela?
Peguei no copo, acendi um cigarro e dirigi-me a ela. Bem! Não foi bem a ela. Com rigor foi na sua direcção. Ela estava encostada à parede e eu, encostei-me também. Ela abanava o corpo ao ritmo da música. Eu, mexia-me para cá e para lá, conforme podia e sabia. Estávamos lado a lado. Estávamos tão perto que bastava um empurrão para que eu a tocasse. Estava ali tanta gente alegre e divertida, a mexer-se de um lado para o outro, que a perspectiva de levar um encontrão não me parecia nada difícil. Um encontrão era o que eu precisava. Eu bem me esforçava mas todos pareciam estar empenhados em não se chegar ao pé de mim naquele momento!
Um quarto de hora depois continuava tudo na mesma. Ela encostada à parede, e eu a seu lado de copo na mão. Abanava-me, levava o copo à boca e de vez em quando simulava um brinde com um amigo imaginário. Sorria com o olhar fixo na coluna no fundo, fingindo estar a cumprimentar alguém - É um truque que uma amiga me ensinou para quando estamos sozinhos e queremos impressionar - Não queria que ela pensasse que eu não conhecia ali ninguem. Eu tinha de causar a impressão que conhecia ali imensa gente! Que era um verdadeiro “ser social“. Eu tinha de parecer super interessante, super na moda. Eu tinha de criar nela a vontade de conhecer este ser fantástico... ou seja eu!
Como ninguém tomava a iniciativa de me empurrar, tomei eu. Desavergonhadamente, fiz-me tombar para cima dela. Já está! Pensei eu. Agora é que era. Ia finalmente falar com ela.
- Desculpe! - Disse-lhe.
- Se não aguenta a bebida o melhor que tem a fazer é não beber para não incomodar os outros! Respondeu-me ela secamente.
- Mas empurraram-me...não viu? - Tentei explicar. Ela não parecia muito interessada. Saiu dali e dirigiu-se à pista. Eu fui atrás dela, mas primeiro passei pelo bar e pedi mais um copo. A bebida a mim dá-me coragem. Bebi tudo rapidamente. Coloquei-me estrategicamente a dançar à sua frente. Dancei uma, duas, três musicas sem nunca tirar os olhos dos dela. De vez em quando ia ao bar, era um intervalo para recuperar forças e ganhar mais coragem. Ela começava a dar sinais de fraqueza, esboçou um sorriso. Eu ria sempre. Bebi mais quatro ou cinco copos. Após isto, daquela noite só me recordo de estar dentro de um táxi com ela. Nem queria acreditar, ela estava sentada a meu lado. Seria da bebida? Estaria a alucinar? Não, era real. Ela estava mesmo ali e a dar-me palmadinhas na cara e a empurrar-me violentamente contra a porta enquanto dizia - chega-te para lá imbecil!
Derreti-me! Tão amorosa que ela ficava ao meu lado e a chamar-me nomes.
- Onde é que moras? Onde é que moras? Não me ouves? - Perguntava ela. É claro que ouvia. Apesar de sentir a cabeça um tanto baralhada, indiquei ao taxista o caminho mais longe para chegar a casa. Durante a viagem consegui encostar a cabeça no ombro dela e depois, feliz, fingi que estava a dormir.
(extracto de "O meu amor é uma cabra" de MC 1996)

Afectos I