30.4.08

“Bairro Solidão”

“Bairro Solidão” 30,31 de Maio 21.30h e 8 de Junho 17.30h – Cine Teatro Casa da Cultura de Rio Maior.

29.4.08

Bairro Solidão

Bairro Solidão 30,31 de Maio 21.30h e 8 de Junho 17.30h – Cine Teatro Casa da Cultura de Rio Maior
“…Quando eu era pequena queria ser uma grande bailarina e ir dançar para Paris.”

27.4.08

Anjos Marginais - fotos de cena

Francisco Areosa e Ricardo Abril
Osvaldo Canhita e Adelaide João
Guilherme Barroso e Mafalda Matos

26.4.08

Bairro Solidão

Bairro Solidão
30,31 de Maio 21.30h e 8 de Junho 17.30h – Cine Teatro Casa da Cultura de Rio Maior


Bairro Solidão é a nova peça escrita e encenada por RG para Quem Não Tem Cão – Oficina de Artistas.
Uma casa, duas casas, sete casas, um banco de jardim, uma rua, uma praça. No Bairro Solidão mora todo o tipo de gente. Gente que chega e gente que parte carregando os segredos e as fragilidades próprias de quem vive rodeado de pessoas mas se sente sempre só. Neste Bairro Solidão nada de intimo se partilha, tudo é falsamente perfeito, falsamente esquecido. Desencontros, violência, amores, desamores, abandonos, sonhos realizados ou desfeitos são o dia a dia dos moradores deste Bairro que deambulam pelas suas histórias que se cruzam entre si. Bairro Solidão é uma história sobre segredos, a resistência e a capacidade do ser humano se auto regenerar. É uma peça sobre a vida e a morte tal qual a conhecemos nos dias de hoje. Afinal nascer não é complicado e morrer é muito mais fácil quando se está só.
Bairro Solidão um espectáculo inquietante a não perder.

17.4.08

Depois do ensaio...

Osvaldo Canhita e Adelaide João

R.G. e Adelaide João

15.4.08

Mata-me!

Aproveitámos o facto de estar ali no quarto de banho, como ela gostava de lhe chamar, para entrar na banheira e tomar um longo banho perfumado. Relaxe.
Mais uma vez pasmei-me a apreciar o corpo dela. Conheço cada sinal, cada borbulha, cada curva daquele corpo. Os pés perfeitamente esculpidos, os joelhos, o umbigo e o rabo!... Tudo nela é perfeito. Já quase me tinha esquecido de como o rabo dela era bonito e redondinho. De fazer inveja a qualquer preta boa! Era um rabo simpático, bem disposto!... Gostava de brincar com ele, de o acariciar, de lhe dar beijinhos, palmadinhas, de o morder... Achava piada ver a marca dos meus dentes naquelas nádegas! Aquele rabo fazia-me rir. Fazia-nos rir!
Ela costumava dizer que eu tenho tendências “sadocas”. Nunca quis pensar muito no assunto, mas lá que às vezes me apetecia dar-lhe uns valentes bofetões, lá isso é verdade. Alturas houve em que lhos cheguei mesmo a dar e ela gostava, eu sei que sim! Na verdade, ela gostava mais de apanhar do que eu de bater. Naquele dia, após tudo o que já haviamos feito, ela pediu-me que eu a esbofeteasse. Pasmei. Pensei que estivesse a brincar comigo, era a primeira vez que alguém me pedia tal coisa.
- Porque esse ar? Não há nada mais estimulante que uma luta. O jogo de força. Murros e bofetadas excitam-me. A luta entre dois amantes é o melhor afrodisíaco, faz-me ferver o sangue... vá, bate-me! Bate-me! Implorou ela.
Sem saber muito bem o que fazer, com alguma dificuldade acedi ao seu pedido. Lembrei-me da cena de um filme de bolinha vermelha no canto superior direito do televisor, que vira à muito na T.V…
- Vá bate-me! Bate-me, bate-me com força!
- Lentamente e a custo, levei a mão acima e comecei a bater, mas os meus bofetões não passavam de caricias. Eu gostava tanto dela que não suportava a ideia de a poder magoar, de a ver sofrer, de lhe causar dor. Ela era tão bonita! Um corpo assim não podia conhecer a dor.
- Com força! força... Cabrão! bate-me com força! Insistiu ela. Bati-lhe uma... duas, três… dez vezes, enquanto ela me implorava:
- Com mais força, mais, mais, mais força! sso cabrão, dá-me, dá-me com força!
- Eu comecei a tomar-lhe o gosto, gradualmente fui aumentando a velocidade e a intensidade com que lhe batia. Quanto maior era a força com que eu lhe batia, mais ela implorava para que eu continuasse.
- Mais! Mais! Mais força!
- Sem saber como, qualquer coisa de assustador irrompeu do meu intimo, levando-me a agir daquela maneira que eu não conhecia. Rapidamente perdi o controle. A minha mão parecia ter ganho autonomia, já não era eu quem comandava. Dei por mim a esbofeteá-la violentamente, ela dizia que sim! é isso mesmo! Mais! Mais! pedia ela. Selvaticamente bati-lhe por todo o corpo, bofetão atrás de bofetão, cada vez com mais força. Ela estava com a respiração ofegante mas não manifestava qualquer sinal de dor. Eu tremia.
- Mais! Mais! Não pares! Mata-me! Mata-me! Gritava ela. Morre! Morre comigo! mata-me! mata-me já!
- Estávamos no limiar da loucura. Ela gemia e gritava cada vez mais alto. Eu tremia cada vez mais.
- Cala-te! cala-te! Morre, Morre! gritava eu, enquanto ela se torcia e contorcia debaixo de mim. O barulho e os gritos que saiam daquela casa passaram o limite do razoável, tentei impedi-la colocando-lhe a mão na boca, ao que ela reagiu deferindo-me uma violenta mordidela. Senti uma dor mas ao mesmo tempo um prazer novo. A minha mão continuava a bater. Naquele momento apetecia-me dar cabo dela, apetecia-me matá-la. Eu queria matá-la.
- Morre! Morre! Morre! gritava eu enquanto lhe apertava o pescoço. Nunca pudera imaginar. Naquele momento, senti uma liberdade plena, completamente isenta de qualquer hesitação ou embaraço que tantas vezes assombram os melhores dos amantes.
Os nossos corpos, estavam incontroláveis. Senti um arrepio de medo. A razão, lentamente voltara ao meu corpo. Senti-me de alma suja. Entre gemidos, estalos e bofetões, soltei um ultimo grito.
- NÃOOO! Pára!
De braços exaustos deixei-me cair postrado sobre o corpo dela. Ouvimos o silêncio. Ouvimo-nos respirar. Com muita dificuldade arrastámo-nos até à cama. Mal eu acabara de me deitar, ela fez-se rebolar para o chão. Também eu me fiz cair sobre ela. Eramos dois corpos exaustos numa casa praticamente destruída. A loucura deu lugar à harmonia e à tranquilidade. Coloquei cuidadosamente a minha cabeça sobre o maravilhoso rabo macio dela e esperei que o sono tomasse conta de mim. Adormeci.
Naquela noite tive um sonho lindo. Sonhei que ela gostava tanto de mim como eu gostava dela.
(extracto de "O Meu Amor é uma Cabra" de M.C. 1996)

14.4.08

Anjos Marginais - Ensaio


"Quem Não Tem Cão" recomenda:
“Anjos Marginais” a partir de textos de Bernardo Santareno, com encenação de João Ferrador dias 17,18,19,24,25,26 e 30 de Abril, 1,2,3,4,8,9 e 10 de Maio - 21.30h - Rua Barão de Sabrosa 93-97 Lisboa.
Com Francisco Areosa, Guilherme Barroso, João Pedro Dantas, Mafalda Matos, Maria Catarina Felgueiras, Miguel Nunes, Osvaldo Canhita e Ricardo Abril. Participação Especial de Adelaide João.

Casting - Quick Casting


Conforme comuniquei no ensaio da passada 4ª Feira, vamos receber a visita de uma representante da "Quick Casting" para fazer um casting de registo dos actores do Quem Não tem Cão.
A Quick Casting realiza castings para televisão, publicidade, teatro e cinema, e estão neste momento a actualizar a base de dados e a incluir actores (amadores e profissionais) para trabalhos futuros nestas áreas.
Assim quem estiver interessado é só aparecer na próxima Quarta Feira, 16 de Abril, pelas 20.30h no Cine Teatro de Rio Maior.
Para mais informações sobre a "Quick Casting" é só ir a:
PP.

7.4.08

Chuva de estrelas

Ela nunca me disse que estava apaixonada por mim, nunca disse que me amava! Antes pelo contrário, fugia sempre quando o momento pedia uma declaração de amor. Foram tantas as vezes que, em vão, fiquei à espera dum AMO-TE. Teria sido tão bom ouvir amo-te da boca dela, mesmo que fosse mentira…teria sido bom ouvir! Todos dizem que um bom entendimento na cama é fundamental para um relacionamento dar certo...Pelo menos esse ponto eu tinha a meu favor! Sim porque eu na cama sou 5 estrelas! 4!...3? Bem também não importa! Será que importa? Será que é só o que lhe importa? E se ela não gosta de mim! E se a nossa relação, do ponto de vista dela, for por puro sexo! Sexo puro e duro. Cabra! Cabra! Vaca! Oh! desilusão ...oh! mundo cruel... também se assim for “Caguei”...!
- Eu aceito o teu pedido de desculpa, mas isso agora já não muda nada. Respondi-lhe. Sabes o que é que me estava a apetecer? acrescentei.
- Se calhar o mesmo que a mim! Bolachas com pepitas de chocolate, verdade?
- Bolachas... ? interroguei. Por acaso não era nada disso.
- Pois a mim apetece-me bolachas com chocolate, muito chocolate. O chocolate é sexual! disse ela.
Naquele momento tive vontade de a mandar à “merda”, mas não! consegui controlar-me! Entrei na brincadeirinha dela.
- Chocolate! Huuuummmm!! que boooom! - Disse-lhe enquanto sugava o indicador da mão direita dela. O chocolate é estimulante... Só de pensar fico com vontade de ... Bem!...Sabes muito bem o que quero dizer!
- Queres dizer “foder” !Vá diz! não custa nada. Eu ajudo...F-O-D-E-R Soletrou ela, letra a letra com requintes de malvadez. Corei com a provocação. Eu sou daquele género de pessoa incapaz de dizer uma asneira, até as posso pensar, mas dizer... Sonso!
- Sabes que eu não gosto de dizer essas coisas!
- Vá lá! toda a gente diz... se as palavras existem é para serem ditas e “foder” não é asneira... é bom! e tu gostas muito de o fazer comigo!... além disso já tens idade para dizer um palavrão de vez em quando... ou não?
- Não sejas parva, não é nada disso… não é uma questão de idade!
- Vá lá, faz-me essa vontade e diz-me um palavrão! FODER! Diz que eu compenso-te… Já sei! Tu dizes “foder” e eu em troca ... faço-te uma coisa que tu adoras! Disse-me enquanto enfiava a mão bem ao meio das minhas pernas.
- “Foda-se”!... que és mesmo parva! - Saiu-me sem pensar. Corei.
- Disseste! Disseste! Parabéns ! Vês... não custou nada! O menino disse uma asneira! O menino disse uma asneira! Agora sim, tens direito ao merecido prémio!...
Fiquei furioso. Em menos de um milésimo de segundo caiu-me nos braços, e eu ai pude vingar-me. Entregámo-nos um ao outro com as "ganas"próprias de quem se entrega ao desejo de um corpo, ao desejo da carne. O que me interessava naquele momento era o corpo dela, como eu amava e desejava aquele corpo.Ela era minha, naquele momento aquele corpo era só meu.
Rebolámos pelo corredor, rastejámos pelo chão da cozinha, trepamos pelas prateleiras da dispensa, estivemos dentro do fogão de sala, partimos pratos e copos, derrubamos candeeiros, rasgamos cortinados, percorremos todas as divisões da casa num ritmo desenfreado. Alucinante! Mas foi na casa de banho, entre a sanita e o bidé, que em conjunto vimos estrelas, uma atrás da outra! estrelas cadentes por todo o lado. Foi lindo! um autentico fogo de artificio! Sabe tão bem ver um céu estrelado assim! Uma chuva de estrelas como esta, não é para quem quer, é para quem sabe fazer! E nós fizemo-lo muito bem!

(Excerto de "O Meu Amor é Uma Cabra" de M.C-1996)