29.1.07

Obelix Asterixes e outros que tais em Lisboa

QUEM NÃO TEM CÃO foi ao teatro D Maria II ver “O que diz Molero”.
Tínhamos o nosso Obélix particular, o Pereira e a sua Falbala que se queixava de não perceber bem o brasileiro da peça. Seguíamos Bairro Alto acima, numa das noites de Janeiro mais frias, cheios de larica para encontrar um tasco. Hamburguers sudueste com molho a escorrer pelos dedos e cachorros especiais, muito atrasados para a Gi que se queixava de fome já à saída de Rio Maior. Lá seguimos atrás de dois Astérixes, que dispensam apresentações, o nosso encenador e o Osvaldo. Acompanhados de Os Vai ó Racha, os Camones, claro que não lhes cuspimos em sinal de desprezo, o Bigodes Piassaba, o Marocas Papa Léguas, o Zuca, o Vampiro, o nosso galã, o Hermínio que se fartou de falar e dançar toda a noite. A Otília com a sua teara luminosa a brincar às rainhas e o Manel muito preocupado em controlar as suas economias e sobretudo levávamos aquela leveza de quem se sente reconfortado por ter partilhado a rir a falta de sentido para a existência e sobretudo a convicção de que éramos um grupo de teatro e havíamos de fazer rir e chorar à custa das angústias existenciais. Fomos deixando alguns pelo caminho e fomos encontrando uma Lisboa noctívaga cheia de gente à procura de satisfação imediata. No Karaoke vimos a apoteose lisboeta da libertação orgástica , ao som dum hard rock vomitado ,dum meio yuppie que à falta de material melhor fez tudo com o microfone incluindo espremê-lo no fim e saiu, sem saber semeando o medo à passagem.
Corremos todas as capelas porque não havia uma onde coubéssemos todos e finalmente estacionamos numa, já lá dentro em fila indiana até nos acomodarmos uns aos outros. Lá ficamos a dançar uns para os outros, respeitavelmente para os seus respectivos maridos e outros para si próprios. Um macaense apareceu , para me engatar ao mesmo tempo que fazia campanha pelo não ao aborto e se fazia acompanhar dos seus amigos da extrema direita, um deles tinha como tetravô o último Vice-rei da Índia , qualquer coisa Távora e fez questão de contar que o Marquês de Pombal mandou matar a sua família. Com a cabeça a andar a roda, basta vir a Lisboa para ter ido à Índia. Diáspora, Descobrimentos e Vasco da Gama todo o orgulho lusitano afundado em álcool neste século XXI. Lá viemos para casa para onde não há esta agitação nacional dos Bares do Sim e do Não mas havemos de voltar ao Teatro que é do melhor que Lisboa tem!
Helena Miranda

25.1.07

Quem Não Tem Cão no Teatro Nacional D. Maria II

Sábado 27 de Janeiro, "Quem Não Tem Cão" vai ao Teatro Nacional D. Maria II, assistir à peça de Dinis Machado "O Que Diz Molero" numa encenação de Aderbal Freire Filho.
"O QUE DIZ MOLERO" parte da leitura por dois burocratas, de um relatório escrito por Molero, através do qual se vão relatando as aventuras de um rapaz -Molero - que procura descobrir o sentido da vida e de si próprio ao entrar na vida adulta.
O resto... contamos depois!

16.1.07

PURO TEATRO

Puro Teatro
Igual que en un escenario Finges tu dolor barato. Tu drama no es necesario Ya conozco ese teatro Fingiendo, que bien te queda el papel después de todo parece que es esa tu forma de ser Yo confiaba ciegamente en la fiebre de tus besos mentiste serenamente y el telón cayo por eso Teatro, lo tuyo es puro teatro falsedad bien ensayada estudiado simulacro Fue tu mejor actuación destrozar mi corazón y hoy que me lloras de veras recuerdo tu simulacro Perdona que no te crea me parece que es teatro. Teatro, lo tuyo es puro teatro falsedad bien ensayada estudiado simulacro. Fue tu mejor actuación destrozar mi corazón y hoy que me lloras de veras recuerdo tu simulacro. Perdona que no te crea me parece que es teatro.Perdona que no te crea Lo tuyo es puro teatro.

12.1.07

O Sonho

O Sonho

Pelo Sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos,
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos e
ao que é do dia-a-dia.
Chegamos? Não chegamos?
Partimos.Vamos.Somos.


Sebastião da Gama

11.1.07

A loja da rua das finanças

A Loja

No final do I Workshop de iniciação ao teatro, em conjunto, decidimos que seria um bom desafio para os novos actores montar um pequeno espectáculo onde pudéssemos colocar em prática tudo aquilo que havíamos exercitado durante 3 meses de formação.
Inicialmente a ideia era a de fazer uma única apresentação só para amigos e familiares. Mas onde? Onde poderemos apresentar-nos? Essa foi a primeira dificuldade que quase nos ia impedindo de avançar. Mas “quem não tem cão caça com gato” e rapidamente descobrimos um local que, embora aparentemente não fosse o ideal, serviria perfeitamente para cumprirmos o nosso propósito.
Mas como convencer o dono daquele espaço a cede-lo temporariamente a um “grupo de teatro” que ninguém conhecia até então e … a título gratuito? Não ia ser fácil, pensamos! Engano nosso. Falamos com o proprietário do espaço em questão – Sr. José Frazão – que prontamente se disponibilizou a colaborar connosco. Foi a nossa 1º conquista, a loja da Rua das Finanças - como lhe chamávamos na altura.
Já temos espaço… e agora? Perguntava-se a medo. Agora já não havia volta a dar, era seguir em frente. Tínhamos vontade, tínhamos espaço, tínhamos envolvido outras pessoas na nossa ideia… alguma coisa tinha necessariamente de acontecer ali… naquele espaço!
A sala foi-nos apresentada completamente despida….vazia! E o engraçado é que, apesar disso, mal ali entramos tivemos de imediato aquela sensação boa de sentir aquele espaço como nosso, mas as dúvidas eram muitas, e agora? Como vamos transformar esta loja numa sala de espectáculos?
Limpamos, esfregamos, dançamos, tapamos as vitrinas, brincamos entre todos, comemos muitos chocolates e gelados ao fim da tarde… Durante dois meses aquela sala foi passagem diária obrigatória para toda a gente do universo “Quem Não Tem Cão” era o nosso canto, a nossa casa, local de descontracção, reflexão, divertimento mas essencialmente de trabalho…muito trabalho…
A sala vazia transformou-se e foi dando lugar à nossa sala de ensaios, um a um os objectos foram tomando lugar ali. A carpete para tapar o chão, a cama, o biombo… os quadros… o espelho… e sem sabermos bem como, quando reparamos tínhamos ali a nossa primeira sala de espectáculos pronta.
Quando vimos o cenário montado pela primeira vez não conseguimos esconder o nosso orgulho, tínhamos conseguido! Transformamos uma sala vazia num acolhedor e intimista local onde ia acontecer “teatro”. Havia magia ali! Quem por lá passou pode até não se ter apercebido, mas nós sentimos isso dentro de cada um de nós.
No inicio de cada apresentação, enquanto o publico esperava ansiosamente a abertura da porta, nós aproveitávamos para dar as mãos e passar toda a energia positiva que guardava-mos dentro do peito, no mesmo lado onde se encontra o coração. Depois ouvíamos o arrastar das cadeira, o compor dos corpos, as luzes apagavam e o silencio tomava conta daquele lugar, tivemos sempre a alegria de saber que todas as cadeiras estavam ocupadas. Foi um mês de lotação completamente esgotada.
O mais engraçado é que no fim de tudo o que ali passamos, das gargalhadas que demos e ouvimos, das lágrimas que fizemos soltar, o que mais me marcou, foi o ambiente… aquele cheiro mágico que nos transportava para onde a nossa imaginação quisesse… e era simples, bastava fechar os olhos... e deixar-se ir!
RG

2.1.07

Eleição dos Corpos Gerentes

"Quem Não Tem Cão - Oficina de Artistas - Associação Cultural" dá conhecimento dos seus novos corpos gerentes, cuja composição é a seguinte:

Assembleia Geral:
Presidente: Joaquim Manuel Morais Machado; Vice Presidente: Hermínio Manuel Figueiredo Gonçalves; Secretário: Helena Pires de Miranda

Direcção:
Presidente: Rui Miguel do Casal Pinto Germano; 1º Vogal: Otília Maria Machado Pinto Germano Costa; 2º Vogal: Rosa Maria Fragoso Duarte Pereira; 1º Suplente: Ana Rita Mendes Madeira; 2º Suplente: Gisela Maria Machado Pinto Germano;

Conselho Fiscal:
Presidente: Ana Isabel Afonso Brites; Relator: Maria da Luz Barreira Paixão; Secretário: Norberto Félix Paulo;

Janeiro de 2006... Constituição da Associação

Otilia Costa, Rui Germano e Rosa Pereira em Janeiro de 2006, após a escritura de constituição da Associação "Quem Não tem Cão - Oficina de Artistas - Associação Cultural".
Um dia muito conturbado mas feliz! :-)
Compareceram também como outorgantes:
- Ana Justo Apolinário;
- Daniel Justo Apolinário;
- Carlos Manuel Pereira e
- Alexandre Campos Costa;
... E já passou um ano!

Dois mil e sete


…Sete … dois mil e sete!
Um ano novo acaba de chegar. Altura de fazer balanços e desenvolver novos projectos.
Depois de “Cinco Mulheres um travesti e o namorado de uma delas” de “Azul” e de “Uma noite no Bistro Bellini”, Quem Não tem Cão começa agora a trabalhar - com todos os actores do III workshop de iniciação ao teatro - a apresentação de um novo espectáculo.

O processo criativo nem sempre é fácil, a atribuição dos textos e dos papeis pelos actores nem sempre é pacifico… a construção das personagens não é simples… Até à estreia há muito que trabalhar, fazer pesquisa, trabalhar, repetir vezes sem conta o mesmo gesto, a mesma fala… e trabalhar, e quando já tudo parece fazer sentido, quando tudo já parece existir de verdade, há que fazer tudo de novo mais uma, duas… cinquenta vezes, até tudo estar como tem de estar. O que só acontece quando a personagem ganhar vida própria e existir de verdade nos nossos corações.

Só quem ama e vive o teatro verdadeiramente, consegue ultrapassar as dificuldades e as dúvidas que pairam constantemente na cabeça dos actores/encenador durante todo o processo de montagem de um novo personagem/espectáculo. Seguir em frente é a verdadeira prova de fogo. No teatro não há lugar ao “faz de conta”. No teatro ou é ou não é! O teatro só existe com trabalho. É o trabalho que permite aos actores fazer magia, serem quem quiserem ser, serem outro que não eles próprios. Passar a emoção para o público, fazer sentir aquele arrepio… Quando um actor pisa um palco e se expõe ao público, algo de extraordinário tem de acontecer dentro de cada um de nós.


Em cada apresentação sentimos que a nossa responsabilidade é cada vez maior, mas esse é o nosso desafio! Há que confiar no trabalho já desenvolvido, nas indicações de quem “dirige” e sobretudo há que trabalhar e entregar-se completamente, sem medo de falhar ou do ridículo e nunca, nunca desistir, nunca pensar ou dizer eu não sou capaz!

O próximo espectáculo de Quem Não Tem Cão, devagarinho lá vai ganhando corpo, dia após dia. O resultado ainda ninguém sabe, mas de uma coisa eu tenho a certeza, O MELHOR AINDA ESTÁ PARA VIR!

Que 2007 seja o melhor ano de todos os já vividos por esta família que tem “Quem não tem cão” como nome.
Saudações teatrais
RG.