Tudo começou com um sonho numa tarde de Inverno de 2004. Como todos os sonhos, este também tem sido feito de persistencia, teimosia e muito querer! "Quem Não Tem Cão..." caça com um gato, foi o que fizemos! e o melhor...? o melhor ainda está para vir! RG
31.10.08
"Cancro da Mama na primeira pessoa" projecto "mulheres" capa do jornal "O Ribatejo"
28.10.08
Gosto Tanto de Ti
- Se me quiseres encontrar sabes onde me procurar.
Levei a minha atitude até ao fim. Respondi-lhe que o meu número de telefone também continuava o mesmo, até lho relembrei, soletrando dígito a dígito. Conforme ia pronunciando os algarismos que compunham o meu número de telefone, na minha cabeça ia-se formando a convicção de que a estava a perder. E tudo por causa do narigudo! A minha voz, número após número, foi-se sumindo. Foi de tal forma que os dois últimos algarismos já só foram murmurados -6, 8...6 … 6…6…6…6 repeti.
Ela saiu. Aguardei sem nada fazer seguindo-a com o olhar. Convenci-me que ela não tinha coragem para me abandonar ali, daquela maneira. Ao passar pela porta parou. Eu libertei o ar que tinha aprisionado no meu peito. Voltei a respirar. Ela estava ali parada diante da porta de costas para mim. Ela tinha reconsiderado. Que alívio! Não consegui disfarçar uma alegria interior que se manifestava nos meus olhos que não mentem. Eu não a tinha perdido. Ela amava-me! Amava-me! Sempre soubera que sim. Lentamente virou o rosto, o lindo rosto que tinha. De cabeça baixa olhou em direcção da mesa do canto, onde eu permanecia e onde sempre havíamos tomado, ela, um café, eu, um chá preto. Olhou-me duma forma que eu não lhe conhecia. Vejo-lhe o verde dos olhos. Os lábios dizem qualquer coisa que não percebo e num apressado e único passo de gigante, saiu.
Só e na mesa do café do costume, verti a primeira lágrima das muitas que viria a chorar mais tarde. Na recordação dos olhos dela li agora, adeus!
Não consegui sair dali. Eu queria ir atrás dela mas não consegui. Sentia-me como se tivesse mil quilos, não me conseguia levantar da cadeira. Ela tinha de voltar! O nosso amor... o meu amor, tinha de ser superior a uma birrinha estúpida de quem está simplesmente loucamente apaixonado. Tinha de ser! Eu sabia que a qualquer momento ela ia entrar por aquela porta e pedir-me desculpa. Eu sabia! Ela amava-me! Eu amava-a! Não nos podíamos separar assim, a nossa história não podia acabar mal. Todas as histórias de amor acabam bem. As princesas boas casam com os príncipes encantados, vão viver para magníficos castelos de duas torres, onde têm muitos filhos e vivem felizes para sempre. Eu naquele momento, não desejava casamento nem filhos nem castelos com muitos criados, só a queria a ela. Enquanto esperava pelo seu regresso montada num cavalo branco, peguei na caneta, num guardanapo de papel fino e escrevi o que não tive tempo, nem coragem de lhe dizer:
As coisas que eu tenho!
Tenho tantas coisas, mas o que mais queria não tenho!
Tenho uma camisola vermelha quase rota, com que costumo dormir de Inverno, um disco que nunca ouvi e outro, com que quase sempre adormeço.
Tenho um sinal no queixo que me irrita, a fotografia de um gato preto que morreu de velho e guardo na carteira ao lado do B.I.. Tenho saudades do gato, pena de mim e dores nos joelhos quando muda o tempo.
Tenho saudades da chuva quando é Verão, do sol quando faz frio e de que gostem de mim como eu gosto de ti.
Tenho um álbum de fotografias de amigos que vejo quase todos os dias e vontade de rir quando me revejo nelas. Sofro da doença de gostar e tenho medo.
Tenho dores de cabeça quando penso em ti e não te vejo e, tenho dores de cabeça quando estou contigo e tu não dizes que gostas de mim. Tenho uma torradeira que não funciona e uma coluna de som na casa de banho, para quando tomo longos banhos de imersão. Tenho muitos amigos que gostam de mim, outros tantos que nem por isso, e a dúvida de que alguém goste de mim como eu gosto de ti.
Tenho uma casa pequenina com uma janela grande na sala de onde se avista o Tejo, um quadro na parede pintado por mim, que nunca assinei e um galo de Barcelos em cima do baú onde guardo as mais gratas recordações. Tenho bons princípios e uma cama quase sempre vazia. Tenho sonhos eróticos de vez em quando e uma tablete de chocolate amargo na gaveta da mesa-de-cabeceira, para comer nos dias em que tenho insónias. Tenho um livro que nunca acabarei de ler e outro que já li 3 vezes. Tenho uma paixão por azul, embora também goste muito de verde. Tenho um carro que anda, uns lábios carnudos e uma mãe encantadora que raramente vejo e me telefona sempre nas horas em que estou carente de afecto.
Tenho tanta coisa a que não ligo nem pedi, e o que mais quero não tenho!
Tenho pena de mim por ser quem sou, por um dia ter permitido ao meu coraçãozinho grande, encher-se de alegria por te ver. Tenho saudades de ser quem fui e desejo de te ter sempre aqui ao pé de mim. Mas sei que não pode ser! Porque tu... Tu tens mais que fazer do que gostar de mim como eu gosto de ti.
Gosto tanto de ti!
27.10.08
Projecto "Mulheres e o Cancro da Mama" - 2º encontro
Ontem, Domingo, realizou-se o 2º encontro do projecto “mulheres” com broas (obrigado Cristina) Pão de Ló (obrigado Cinda) café e entrevistas para o Correio da Manhã! Este projecto começa a chamar a atenção da comunicação social, o que aumenta em muito a nossa responsabilidade. Primeiro a visita do Jornal Expresso – no Domingo passado - agora o Jornal Correio da Manhã, e ainda vamos só no segundo encontro.
Foi bom receber a visita de caras novas. Refiro-me à Cinda – que veio de Ovar com o seu maravilhoso Pão de Ló e um presentinho muito simpático que fez questão de oferecer a todos. A querida Lou, que brevemente regressará a Angola, sua terra, uma vez que está no fim dos tratamentos que ainda a vão prendendo por cá.
Neste Domingo, tivemos assistência pela primeira vez, o que ao principio – confesso - me estava a deixar um bocadinho nervoso, mas passou logo!
Ontem percorremos todas as fases da doença, desde a descoberta, passando pelas primeiras consultas, a operação, os tratamentos, enfim, por todas as etapas do cancro. No fim dos vários testemunhos, definimos o ponto de partida daquele que será o “esqueleto “ da peça a apresentar no fim destes encontros de tons rosa – que, como já se percebeu naquelas conversas, tem muitas outras tonalidades, às vezes propositadamente escondidas! Umas mais carregadas outras nem por isso.
Até definirmos o alinhamento final, muita coisa vai ser experimentada, abandonada e ou adicionada. É bom podermos discutir o que cada um gostaria de ver ali retratado, mas melhor ainda, vai ser quando conseguirmos superar aquelas que se apresentam agora, como dificuldades. Existem muitos desafios ali. E são esses múltiplos desafios, que fazem deste projecto algo tão único e especial. A ideia não é relatar na primeira pessoa o testemunho de cada uma das participantes. Isso faz-se um pouco por todo o lado, quer na net, através de blogues, sites, quer nos encontros e ou sessões de esclarecimentos sobre a doença, que felizmente se vão fazendo um pouco por todo o lado. Mas a nós, é-nos exigido um pouco mais que isso! A “peça” a apresentar dirige-se a um público muito diversificado, e não exclusivamente para quem foi, directa ou indirectamente apanhado por esta doença. Pelo que a linguagem utilizada terá de ser mais teatral, mais trabalhada do que uma mera, mas sempre difícil exposição da nossa intimidade. Este é o nosso desafio! Como o vamos agarrar e superar, ainda não sei. O que sei neste momento é que está tudo em aberto, e que conto com a generosidade e empenho de todas as que se dispuseram a entrar neste projecto para me ajudarem a transformar as dificuldades de cada uma, em oportunidades de nos superarmos a nós mesmos, e quem sabe, ajudar, esclarecer alguem que passa ou poderá vir a passar pelo mesmo! Este sim será o objectivo final deste projecto que já não me deixa dormir.
Durante duas semanas vamos interromper os encontros de grupo, para nos podermos dedicar ao texto e descoberta do que cada uma, quer colocar de seu ali. Retomamos os trabalhos a 16 de Novembro, espero que cheios de vontade de fazer o que parece impossível! Porque o melhor… o melhor ainda está seguramente para vir.
Até lá!
21.10.08
Tons Rosa - Projecto "Mulheres e o cancro da mama" - 1º encontro
16.10.08
O PALCO
15.10.08
Sem tempo para dormir... mas feliz!
Muita coisa boa está a acontecer no seio desta família.
Muitos projectos - que é preciso por em andamento - muito trabalho de planificação, organização... definir (de uma vez por todas) os horários dos novos cursos, contratar os formadores, continuar a politica de fazer novos associados, preparar os encontros do projecto "Mulheres", preparar as aulas do V Workshop de iniciação ao teatro, fazer pagamentos e depósitos bancários, muitos telefonemas, e-mails, pensar na "decoração" e manutenção do nosso "Teatro do Cão", reunir com a banda residente, reunir às 4as Feiras com os veteranos... descobrir quem são os actores que vão integrar o elenco na peça infantil - que já está escolhida... Enfim muita actividade! Sobra (muito) pouco tempo!
Para além disto - e tão ou mais importante que isto (já nem sei bem) - há um escritório, reuniões, julgamentos, preparar acções e requerimentos, sessões de formação noutras áreas que não o teatro - se bem que esse está sempre presente - uma mãe, amigos e restante família!
Estou sem tempo para dormir... mas ainda respiro e estou feliz, porque continuo a acreditar que tudo isto vale a pena!
Hoje vou tentar aproveitar a ida a Lisboa, para fazer uma coisa que ando a adiar faz demasiado tempo... e não é vaidade ou desleixo... é falta de tempo mesmo!
14.10.08
Agenda da semana e nota.
13.10.08
12.10.08
Emoções em tons "Pink"
10.10.08
Primeira Aula
Enquanto decorria a aula no palco com os iniciados, os veteranos que estavam de serviço ontem - Alexandra, Joaquim, Manuel e Maria João - aproveitaram o tempo para avançar com alguns trabalhos administrativos. Temos tanta coisa para organizar! Aiii!
9.10.08
É bom ver a familia crescer
6.10.08
É bom ver as luzes acessas
3.10.08
RIR...
Sessões espirítas, uma orgia ou um planário sindical?? REVOLTA AO PODER LOCAL!!! desimaginem-se senhores, nem a àgua do Bocage vos ajuda! Vão lavar a língua. CULTURA?! TEATRO?! tenham respeito ao próximo! QUE DEUS VOS PERDOE porque não sabem o que fazem!
Devil deixou um novo comentário sobre a sua postagem : Imaginei-me num autentico manicómio, espectacular! lembram-se do filme "Voando sobre um ninho de cucus", a vossa peça diria que era "voando sobre um monte de merda"! Desculpa qualquer coisinha, isto é o que me vai na alma. Encenador PAZ À SUA ALMA!
INCOMODADO! deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Magia de uma noite de Verão no Bistro III": MAS ESTA TUDO BEBADO OU QUE?? ACORDEM PARA A VIDA, VAMOS MAS É TRABALHAR, COIRÕES!!! SÓ SABEM E MAMAR JANTARES, DEVEM PENSAR QUE AS PESSOAS NAO TEM MAIS NADA PARA FAZER, A ALTAS HORAS DA NOITE AINCOMODAR OS QUE QUEREM DORMIR. SINCERAMENTE, TA TUDO PARVO! BARDAMERDA PARA VOCES TODOS...CHAMAM A ISSO CULTURA, IR PARA OS BARES A ACTUAR QUE NEM ANORMAIS! EMPLASTROS
2.10.08
Hoje vou dormir feliz
1.10.08
Fetiche
- Gosto de ti. Gosto do teu corpo, dos teus olhos, do teu nariz!. Não sabes quanto eu gosto do teu nariz! É grande, dá-te personalidade. Não resisto a um nariz grande, excita-me! não sei porquê. - Disse-me.
- Não me digas que tens uma fixação por narizes grandes? Perguntei-lhe.
- É mais que uma fixação é um caso de “fetichismo” puro!
Respondeu-me ela a rir.
- Não sei…acho que sim. Há quem se excite com peças de roupa intimas, com pés, com odores, eu excito-me com narizes. Um nariz é uma marca de personalidade, e além disso, quando bem usado pode fazer milagres. Acrescentou ela com alguma malícia, apontando para o meu!
- Que disparate! Começo a levantar algumas dúvidas acerca da tua sanidade mental. Corei.
- E tu ? qual é o teu fetiche? Perguntou-me.
- Assim de repente não estou a ver… sei lá…acho que não tenho…
- Não pode ser, todas as pessoas têm um fraquinho qualquer, uma peça de “lingerie”, fazer amor num local público, um par de sapatos, qualquer coisa!...
- O meu fetiche acho que és tu! És tu que me excitas! Nada me excita mais que tu!
- O quê?
- Tu és o meu fetiche! Pões-me de cabeça louca, és a única pessoa que me põem fora de mim…
- Sim sim! Ok! Respondeu ela com desinteresse. Tens uma imaginação inesgotável. Definitivamente! Isso não é fetiche coisinha!
Eu odiava quando ela me tratava por "coisinha". Tão redutor… ela dizia que era uma forma carinhosa de me tratar. Eu aceitei.
- Mas é bom ouvir…. Gosto! É sempre lisonjeiro uma mulher ouvir isso... “Tu és o meu fetiche” repetiu ela imitando a minha voz. sorriu.
- Mas porquê essa tua fixação por narizes grandes? - Perguntei-lhe. Foi então que me explicou que em tempos tinha tido um namorado, um rapaz segundo ela de fraca figura, pequeno, magro e de pele esverdeada, mas possuidor de um enorme nariz que quase lhe chegava ao queixo. Como se fosse um bico que lhe inrrompia do rosto. Foi aquele rapaz de fraca figura e nariz fino e agudo que a fez atingir o “climax” pela primeira vez.. Não se cansou de o elogiar nem as habilidades que ele fazia com o nariz. Fiquei magoado ao ouvir aquilo. Sem nada para dizer calei-me.
- Então não dizes nada? - Perguntou ela.
- Tinhas mais prazer com ele do que comigo? - Perguntei-lhe eu estupidamente. Ele era melhor que eu? - Insisti. Hoje sei que esta é uma pergunta que nunca se deve fazer. Nunca devemos pedir que nos comparem com alguém, muito menos em questões de cama. A não ser que tenhamos a certeza da resposta. O que não era o caso. Apesar do meu nariz ser dum tamanho acima da média, a avaliar pela descrição, ele tinha um bem maior e mais habilidoso.
Ainda mal tinha acabado de fazer a pergunta e já me tinha arrependido - coisa que aliás, com ela era frequente - adivinhando que a resposta podia ser diferente daquela que eu gostava de ouvir. Mas a ideia da minha Lindinha estar com outro não me agradava. Embora não o conhecesse, já o odiava. Não suportava a ideia de ter havido outro na sua vida.
Surpresa das surpresas, desta vez ela resolveu poupar-me, respondendo-me somente que tinha muito prazer comigo. Ao ouvir tal resposta senti um reconfortante alivio, contudo a insegurança rapidamente tomou conta de mim. Não consegui evitar:
- Essa foi a forma mais delicada que encontraste para dizer que ele era melhor na cama que eu, não foi? Podes dizer a verdade, não tenhas problemas em me magoar.
- Este foi o meu segundo erro em menos de dois minutos. Respondeu-me que estava a ficar farta de mim, que não aguentava mais as minhas dúvidas existenciais. Falou-me da necessidade excessiva de me comparar com o incomparável, dos meus medos, dos meus traumas, das minhas frustrações, em suma: Que não estava mais para me aturar. Queria umas férias de mim. Desorientei-me!
Implorei para que não me deixasse, prometi que ia mudar, eu queria mudar, tinha de mudar. Não só por causa dela, mas principalmente por causa de mim. O amor que sentia por ela era grande e verdadeiro, e isso é uma coisa rara. Quando se encontra não se deve perder. Mas aquele sentimento já não era só amor, era uma doença degenerativa que me ia matando aos poucos! E ela era a minha única possibilidade de cura. O mais grave é que ela sabia disso! Ela usava isso! Se por um lado eu tinha a certeza de que ela era o grande amor da minha vida, também sabia que ela não me amava como eu a amava a ela.
Éramos diferentes, sentíamos de forma diferente e queríamos coisas diferentes da vida. Tínhamos amigos diferentes, gostos musicais diferentes, diferentes maneiras de exteriorizarmos os nossos sentimentos. Esta luta constante tornava-nos incompatíveis. Se por um lado era a gestão dos mecanismos de combate que nos mantinha acesa a chama da relação, também era esta constante batalha que nos podia levar a deixar de ouvir o coração. Foi o que aconteceu!
Rapidamente adoptei uma estratégia, a única que não podia ter usado.
- Se te queres ver livre de mim podes ir embora. Eu consigo muito bem viver sem a tua presença. Sem a tua companhia. Sem te ter a meu lado! - Respondi-lhe sem vacilar. Ela não estava à espera desta minha atitude. Nem eu! Ainda hoje me pergunto onde fui arranjar forças para dizer tal coisa. Senti-a completamente desarmada.
Foi uma resposta da qual ela não estava à espera. Como iria ela superar aquele teste? Eu sabia que com esta atitude podia perde-la para sempre, mas também tinha consciência que a nossa relação podia sair fortificada. Corri o risco. Tínhamos de esclarecer de uma vez por todas a nossa relação, por muito que isso me custasse, preferia viver sem ela do que andar com constantes crises de insegurança e depressões. Eu afinal só queria uma coisa: Queria que ela provasse que me amava e que eu era o homem da sua vida!